24/8/2020




Fenajufe: apoio à greve nos Correios, que já teve 120 mortes pela covid-19

Reunião ampliada da federação repudiou a tentativa de Bolsonaro e do general que preside a estatal de cortar direitos em plena pandemia e privatizar os Correios

Servidoras e servidores do Poder Judiciario Federal e do MPU aprovaram, na reunião ampliada da federação nacional da categoria (Fenajufe), apoio à greve dos trabalhadores dos Correios, iniciada em 17 de agosto. 

Por consenso, a reunião realizada no sábado, dia 22 de agosto de 2020, por videoconferência, deliberou pela posição política a favor de uma categoria que trabalha desde o início da pandemia num serviço considerado essencial. Isso já teria custado, segundo dados de 36 sindicatos do setor, a morte de pelo menos 120 trabalhadores. "Sob a direção do general Floriano Peixoto, um negacionista assim como Bolsonaro, sequer máscaras e álcool em gel são colocadas à disposição dos funcionários nas agências pelo país", diz trecho da resolução.

A greve contesta o governo por tentar cortar, em plena pandemia, 70 de 79 cláusulas de um acordo coletivo que, por decisão do próprio Tribunal Superior do Trabalho, deveria durar até agosto de 2021. Direitos como vale-alimentação, auxílio-creche e licença-maternidade são atingidos. Decisão posterior do Supremo Tribunal Federal corroborou com o corte das cláusulas do dissídio coletivo 

A mobilização também enfrenta o projeto de privatização do governo de Jair Bolsonaro, que quer entregar a lucrativa estatal para grupos particulares. "Nas mãos do setor privado, o que iremos assistir é a extinção de serviços, aumento de tarifas e exclusão do atendimento social e para o povo pobre", diz o texto aprovado.

LutaFenajufe Notícia

Segunda-feira, 24 de agosto de 2020

 

Veja a íntegra do texto aprovado na reunião ampliada da Fenajufe:
"Todo apoio à greve nacional e unificada dos trabalhadores dos Correios!"

"Nesta segunda-feira (17), assembleias em todo o país decidiram dar início da greve nacional da categoria. A mobilização unificada envolve os 36 sindicatos e federações do setor. A paralisação nacional é a resposta ao  impasse nas negociações da Campanha Salarial e dos planos de privatização do governo Bolsonaro, que ameaçam não só os direitos, salários e empregos, mas também a própria existência da estatal. 

Não há proposta de reajuste salarial e nem da reposição da inflação. Das 79 cláusulas existentes no Acordo  Coletivo, o presidente da estatal general Floriano Peixoto quer acabar com 70. É uma verdadeira destruição dos direitos da categoria. Até mesmo o vale alimentação foi retirado, assim como auxílio-creche, licença maternidade de 180 dias, ticket nas férias, o adicional de distribuição e coleta externa de 30%, entre vários outros. Benefícios essenciais para a categoria que recebe um dos salários mais baixos das estatais, que não chega a dois salários mínimos. Foram mais de dois meses de tentativas de negociação, mas que esbarraram na política intransigente do general e do governo Bolsonaro, determinado a acabar com os direitos dos trabalhadores e privatizar os Correios. 

Desmentindo o falso argumento da direção da empresa e do governo de que o brutal corte de direitos é necessário para a “saúde financeira” dos Correios, os sindicatos revelam que no último ano foi registrado um lucro de mais de R$ 160 milhões, enquanto a categoria amarga redução do quadro de funcionários, sobrecarga de serviços e precarização das condições de trabalho. Há oito anos a categoria era composta por 128 mil funcionários, e hoje conta somente com 99 mil.

Os trabalhadores dos Correios atuam em um serviço essencial em meio à atual pandemia e durante os últimos meses seguiram cumprindo com seu trabalho, apesar de sofrer com o descaso da direção da empresa e o governo Bolsonaro para cumprir esse papel. É uma das categorias mais afetadas pela pandemia. Levantamento dos 36 sindicatos aponta para, pelo menos, 120 mortes de trabalhadores dos Correios pela Covid-19. Sob a direção do general Floriano Peixoto, um negacionista assim como Bolsonaro, sequer máscaras e álcool em gel são colocadas à disposição dos funcionários nas agências pelo país.

Os sindicatos da categoria destacam que a defesa da manutenção do Acordo Coletivo se insere numa luta ainda maior que é contra a privatização e a destruição da estatal, que é o objetivo do governo Bolsonaro que já declarou que os Correios são uma das primeiras das 17 estatais que serão entregues ao setor privado em curto prazo. A propaganda de venda total da ECT é feita com argumento de que daria mais agilidade nas entregas e que a ampliação de empresas do ramo aumentaria a concorrência, barateando as postagens. Mais uma mentira. Nas mãos do setor privado, o que iremos assistir é a extinção de serviço, aumento de tarifas e exclusão do atendimento social e para o povo pobre.

A Fenajufe e suas as Entidades filiadas, representada pelos presentes na Reunião Ampliada de 22/08/2020, se solidarizam e apoiam a greve nacional unificada dos trabalhadores dos Correios, em defesa de suas reivindicações e contra a retirada de direitos. 

Não à privatização! Por uma ECT pública dirigida pelos trabalhadores!

Pelo atendimento das reivindicações! Não a retirada de direitos!

Fora Bolsonaro, Mourão, Guedes e Floriano!"


 

 



Hélcio Duarte Filho