ARTIGO

O Poder Popular e a política institucional




 A estrela e seus planetas. A Dominação e suas formas de subjugação. O Poder e seus modos-de-produção (do necessário à sobrevivência humana).
A estrela e seus planetas. A Dominação e suas formas de subjugação. O Poder e seus modos-de-produção (do necessário à sobrevivência humana). A posse dos meios que propiciam esta produção é o estruturante. Tudo leva a marca do ferro em brasa manejado pelos possuidores - a institucionalidade, as relações de trabalho e pessoais, as afecções mentais. O Poder é isso, ter a posse dos meios, explorar os “despossuídos” para extrair o valor que garante a acumulação de riqueza e, consequentemente, a condição de classe dominante. O poder político, por seu lado, sempre será assim, em minúsculas, pois é poder de segunda categoria, filhote daquele poder que vigora haja ou não Política, pois dela não depende - depende, isto sim, das forças repressoras, garantidoras da continuidade da posse. Subsidiário do verdadeiro poder, e encarnado na figura dos governantes, o poder político tem a importante função de “legalizar” a transferência de valor daqueles que trabalham para os sanguessugas. Operada de maneira direta na relação patrão/assalariado, esta transferência realiza-se de forma indireta na relação governante/contribuinte, fruto do direcionamento dos orçamentos públicos aos interesses das classes dominantes. A Política faz parte da institucionalidade formatada por estas classes para um melhor controle social, fazendo par com Forças Armadas, Imprensa, igrejas, escolas etc, tudo circunscrito a esta configuração territorial/jurídico/administrativa a que se dá o nome de Estado, reserva de mercado (da exploração do Homem e da Natureza) da burguesia “nacional”.
O sistema representativo foi urdido nos finais do séc. XIX concomitantemente na França e nos EUA, e seus ideólogos o justificavam face à falta de qualificação do povo - grosseiro, egocêntrico e, principalmente, iletrado, portanto incapaz. O fetiche da instrução formal sempre esteve a acossar o povo, a desprezar um saber que não é nem um pouco teórico, posto que ditado pelas necessidades imediatas de uma vida fodida exatamente pelos capitalistas. Se se almeja o Poder Popular, há de se rechaçar esta incapacidade, arrancar a máscara da desqualificação, apontar a proeminência da “escola da vida”, da solidariedade, do coletivismo. O empoderamento do povo passa pelas lutas específicas como meio para chegar à consciência de que, se não restituirmos às nossas mãos aquilo que nos pertence (os meios-de-produção), não haverá solução definitiva para a humanidade. Este caminho não contempla a Política, pois participar dela, ou mesmo aceitá-la significa corroborar um Sistema viciado, reforçar a institucionalidade imposta, apartar-se do todo ao escolher um partido, reforçando assim  o estigma da incapacidade do povo. Traição, é disto que se trata.


Jefferson Mattos