17/4/2017


PEC 287

Na lista da Odebrecht, relator da Previdência anuncia parecer para 3ª (18)

Envolvido em escândalos, governo tenta forçar votação da PEC 287; movimento contra a reforma prepara greve geral para 28 de abril

PEC 287

 

Na lista da Odebrecht, relator da Previdência anuncia parecer para 3ª (18)

 

Envolvido em escândalos, governo tenta forçar votação da PEC 287; movimento contra a reforma prepara greve geral para 28 de abril

 

O deputado federal Arthur Maia (PPS-BA) disse que vai apresentar o parecer sobre a Proposta de Emenda Constitucional 287/2016 nesta terça-feira (18). Relator da reforma que muda as regras da Previdência Social e pode tornar a aposentadoria inacessível para a maioria dos trabalhadores, Maia está na lista de parlamentares investigados pelo Supremo Tribunal Federal divulgada pelo ministro Edson Fachin.

 

A iniciativa de entregar o relatório nessa semana integra um operativo do presidente Michel Temer (PMDB) de forçar a aprovação da PEC 287 e tentar superar a resistência na base parlamentar à proposta. Também busca abafar o fato de governar com quase um terço de seus ministros na lista de investigados do STF, além dele mesmo ter sido citado nas delações. O governo acena com alterações na proposta, embora mantenha a idade mínima de 65 anos para todos, e se empenha para criar um clima que supere a crise política e a perda de apoio no Congresso Nacional à reforma da Previdência.

 

Relator da PEC

 

O deputado é acusado por dois ex-diretores da Odebrechet, que fizeram acordo de delação premiada, de ter recebido por meios ilegais R$ 200 mil da empresa na eleição de 2010. O dinheiro não teria sido contabilizado na prestação de contas da campanha. Arthur Maia nega irregularidades e diz que prestou contas dentro das regras eleitorais, mas não dá maiores explicações sobre tais recursos, evita afirmar que não tenha recebido o dinheiro e tampouco consegue desmontar a acusação.

 

Segundo a delação tornada pública pelo Supremo, o ex-diretor da empreiteira Claudio Mello Filho disse ter sido procurado pelo então candidato, que solicitou ajuda para a campanha. Teriam sido entregues, então, R$ 250 mil a Maia, sendo que R$ 200 mil de forma ilegal. O relator já vinha sendo criticado por ter recebido doações de bancos e empresas do mercado da previdência privada, como os R$ 299.972 doados a ele pela Bradesco Vida e Previdência em 2014.

 

Reunião na Páscoa

 

O presidente Michel Temer se reuniu, no domingo (16), com o presidente da comissão especial que trata da PEC 287, Carlos Marun (PMDB-RS), e com o relator para tratar da tramitação na Câmara. Também participaram os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy, e da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco. É provável que o objetivo central da reunião no domingo de Páscoa tenha sido ‘fabricar’ a notícia

veiculada pela mídia comercial logo em seguida, que trazia a controversa afirmação de que os deputados disseram a Temer que as delações da Lava-Jato não afetam as votações das reformas.

 

Fica evidente haver muito blefe nisso. Não existe como as delações não afetarem de alguma forma o funcionamento do Congresso Nacional. Mas o que também parece evidente é que Temer busca fazer do que é um problema para o governo – aprovar as impopulares reformas previdenciária e trabalhista sob tanto escândalo – em um trunfo para manter o apoio parlamentar e empresarial que seu governo desfruta, apesar da popularidade na lona. Para isso, anuncia recuos em certos pontos, principalmente na regra de transição e na área rural, sem abandonar o que é mais central, duas mudanças que provavelmente excluem a grande maioria do acesso à aposentadoria: a fixação de 65 anos como idade mínima e a elevação de 15 para 25 anos do tempo mínimo de contribuição para que se tenha direito ao benefício.

 

Greve geral dia 28

 

A ausência de pesquisas por parte dos grandes institutos do ramo no país sobre a percepção do brasileiro em relação à reforma da Previdência já é, por si só, um indicador do tamanho da rejeição popular às propostas defendidas por Temer e por grandes empresários – liderados pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Faz poucos dias, pesquisa realizada pelo Vox Populi, a serviço da CUT, indicou que 80% da população maior de 16 anos do país rejeita a definição de 65 anos como idade mínima e de 25 anos como tempo mínimo de contribuição. É essa impopularidade da proposta, que ganha corpo com as manifestações e o movimento que se opõe à PEC 287, que a greve geral convocada pelas centrais sindicais para parar o país no dia 28 de abril contra as reformas de Temer almeja canalizar.

 

 



Hélcio Duarte Filho
LutaFenajufe-Notícias