26/10/2015


XIX PLENÁRIA FENAJUFE

Derruba o veto já, cantam os servidores em João Pessoa

XIX Plenária Nacional da categoria reafirma a luta pela derrubada do veto e convoca paralisação e caravana a Brasília nos dias 16 e 17 de novembro

“Derruba o veto já”. O grito de guerra da luta pela aprovação do reajuste salarial (PLC 28) ecoou e foi reafirmado na XIX Plenária da Fenajufe, realizada em João Pessoa, capital da Paraíba, entre 23 e 25 de outubro. A plenária final aprovou a continuidade dessa luta, com novas manifestações em Brasília e nos estados com paralisação e ‘apagão’ nos dias 16 e 17 de novembro.

O calendário aprovado prevê caravanas a Brasília nessa data, com ato nacional em frente ao Congresso em 17 de novembro, dia previsto para mais uma tentativa de apreciação pelos senadores e deputados do veto da presidente da República, Dilma Rousseff, ao PLC 28, que repõe nove anos de perdas salariais acumuladas pela categoria.

Greve histórica

O debate que avaliou a greve, apontada como a maior da história da categoria, ocorreu na véspera, na tarde do sábado (24). Já ali as falas dos servidores sinalizavam que o Judiciário Federal e do MPU seguiriam lutando pela derrubada do veto ao PLC 28.

Ao mesmo tempo, muitas das posições expostas por 52 servidores que se inscreveram para falar indicaram o entendimento de que se as negociações estavam paralisadas, isso se devia ao Supremo Tribunal Federal e ao governo. Ambos, avaliou-se, fecharam as portas e se mantêm intransigentes pela manutenção do veto e aprovação sem alterações do projeto rebaixado apresentado como alternativa, à revelia dos servidores, que o rejeitaram.

A resolução aprovada na plenária final, vencedora por ampla maioria de outra que colocava a negociação do PL 2648/2015 em destaque, mesmo que sem abandonar a luta pela derrubada, mantém aberta a possibilidade de negociação, mas caracteriza que isso depende acima de tudo do governo e o STF mudarem de posição e apresentarem algo novo e não de uma redefinição dos servidores, que sempre se mantiveram abertos a sentar à mesa para negociar, por meio da sua entidade nacional, a federação.

No debate sobre a greve, não foram poucos os que defenderam a unidade da categoria e constataram o poder que os servidores do Judiciário Federal e do MPU adquirem quando se movimentam juntos em torno de uma mesma pauta. “Conseguimos fazer um movimento nacional com uma pauta única, o que não foi possível nos últimos anos”, disse Tarcísio Ferreira, da coordenação da Fenajufe. Ele destacou a importância não só da greve, como das grandes manifestações e da pressão de dimensões inéditas sobre o Congresso, mas ressaltou que a categoria só pode confiar em sua própria força. “O Congresso Nacional é o despachante onde se carimba os interesses da classe dominante no cenário político nacional”, disse.

O servidor Euler Pimentel, de Pernambuco, destacou que nessa greve “histórica a categoria se levantou contra o governo do PT, que vem aplicando o ajuste fiscal”. O delegado eleito na assembleia no estado vizinho também criticou o papel que as direções sindicais governistas vêm cumprindo nos sindicatos. “Onde tem direção cutista, onde tem direção governistas, nós fomos traídos”, disse, assinalando ainda que o discurso que estes setores estão fazendo tentando responsabilizar os que lutam pela derrubada do veto pela situação salarial é inaceitável. “A gente sabe que quem está querendo dar o reajuste zero é o governo, os governistas têm que dizer que quem vetou foi a Dilma”, afirmou.

Críticas ao STF

Não foram poucas também as críticas ao presidente do STF, Ricardo Lewandowski. O coordenador da federação Adilson Rodrigues lembrou que, historicamente, as greves da categoria pressionam o chefe máximo do Judiciário para que ele cobre do governo os recursos necessários para atender as demandas do setor, mas que dessa vez o que ocorreu foi bem diferente disso. “Ao invés de levar a pauta que defendia a autonomia, ele aderiu ao projeto do governo. O Judiciário tem política salarial sim, para os juízes”, disse. O servidor ressaltou, porém, que a luta vai prosseguir e que a organização sindical da categoria tem um histórico de lutas e de conquistas que demonstra que é possível vencer outra vez, sem fechar os olhos para as imensas dificuldades que estão colocadas. “No auge do projeto neoliberal nós conseguimos arrancar três planos de cargos”, recordou.

O servidor Cristiano Moreira, do Rio Grande do Sul, disse que o “movimento foi muito maior do que qualquer direção de sindicato ou federação”, valorizando a participação do conjunto dos trabalhadores e o resultado dessa luta até aqui. “Se não fosse a pressão da categoria, sequer seria necessário vetar, porque o projeto não teria passado”, observou. Também contestou os setores governistas que defendem secundarizar a luta contra o veto para negociar o segundo projeto enviado por Lewandowski ao Congresso à revelia dos servidores: “Falam como se essa negociação estivesse dobrando a esquina, como se fosse fácil negociar com Dilma e Lewandowski, que se negam a negociar”, disse. “Temos que lutar para derrubar o veto, estando abertos à negociação, como sempre fazemos", defendeu. 

LutaFenajufe Notícias
Por Hélcio Duarte Filho, enviado a João Pessoa (PB)
Domingo, 25 de outubro de 2015



Hélcio Duarte Filho
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