Uma noite histórica. Em meio a uma jornada que arrastou milhares de servidores em greve para as ruas de todo o país, o Senado aprovou na noite desta terça-feira, 30 de junho, o PLC 28/2015, colocando os servidores do Judiciário Federal a um passo da vitória contra nove anos de congelamento salarial.
O projeto foi aprovado por unanimidade, com 62 votos, depois que os senadores rejeitaram o pedido de retirada da pauta feito pelo presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, e pelo Ministério do Planejamento.
A aprovação do projeto coroa uma campanha que ao longo dos últimos anos vem enfrentando manobras do governo e de sindicatos governistas, bem como a inércia do Judiciário. Lewandowski se recusou a defender a autonomia do Poder que preside e durante todo o tempo fingiu negociar com o governo, sem nunca consultar os servidores.
A categoria respondeu com energia: atos, passeatas, paralisações e greves mobilizaram os servidores e trouxeram o apoio de magistrados, presidentes de tribunais e parlamentares.
Agora, a vitória definitiva tem de ser conquistada sobre a presidente Dilma Rousseff (PT), que ameaça vetar o projeto, conforme sinalizaram os senadores durante a discussão da proposta. “Somente a continuidade e, mais do que isso, o fortalecimento da greve da categoria poderá evitar esse veto”, defende a diretora do Sintrajud, Raquel Morel.
Paulista ocupada

Em todo o país, o dia foi de intensificação da greve nos locais de trabalho do Judiciário Federal. Em Brasília, servidores de todo o país se reuniram no acampamento montado há cerca de uma semana pelo Sindjus-DF nos gramados do STF. De lá, muitos se dirigiram para o Congresso Nacional, onde ocupariam as galerias do Senado e o entorno do parlamento para exigir a reposição salarial.
Em São Paulo, a Avenida Paulista voltou a ser ocupada. Como aconteceu na semana passada, quatro faixas da avenida foram tomadas pelos servidores, que fizeram muito barulho e exibiram em cartazes e bandeiras a indignação da categoria – não só com os salários congelados, mas também com a contraproposta do governo.
Na última quinta-feira, 25, o Ministério do Planejamento havia apresentado uma proposta de reajuste de 21,3%, parcelado em quatro anos.
A manifestação saiu da frente do Fórum Pedro Lessa e caminhou até a Praça do Ciclista, retornando pelas faixas do sentido oposto. No caminho, os milhares de manifestantes pararam em frente ao escritório da Presidência da República na capital paulistana.
“Estamos aqui hoje para dizer em alto e bom som que não vamos aceitar a proposta indecente que a presidente Dilma Rousseff, fez aos servidores federais”, disse a servidora do TRF-3 e diretora de base Ana Luiza Figueiredo. A servidora da JT Cubatão e diretora do Sintrajud Lynira Sardinha destacou que o orçamento do governo dispõe de recursos mais do que suficientes para a reposição salarial dos servidores. “Queremos alertar a população aqui, no coração financeiro do país, que dinheiro tem”, afirmou Lynira.
Ao final do ato, os servidores ficaram em vigília diante do Fórum Pedro Lessa para acompanhar a sessão do Senado.
Todos à Assembleia
Nesta quinta-feira, dia 2, os servidores participarão de Assembleia Geral no Fórum Trabalhista Ruy Barbosa, na Barra Funda, às 14h.
Em pauta, a intensidade da pressão que a categoria terá de fazer para romper de uma vez por todas a intransigência do governo.