23/12/2014


DO SINDIJUFE-MT

Protesto contra corte de ponto e reajuste zero foi destaque no último dia de trabalho do TRT em MT antes do recesso



 Vestindo roupa preta em sinal de luto, eles se concentraram na entrada principal do Tribunal e também fixaram faixas de protesto nos demais portões da Justiça do Trabalho, às 7h, no início do expediente do órgão. O ato também ocorreu em sinal de protesto contra o reajuste zero, e chamou a atenção de pedestres e motoristas que transitaram pelo local, sendo que muitos deles diminuíram a velocidade ou até pararam para ler o que estava escrito nas faixas.

Além de diretores do Sindijufe-MT,  o protesto teve a participação do servidor da Justiça Eleitoral Amer Khalil, que fez questão de prestar solidariedade aos colegas da Justiça do Trabalho pelos 31 dias descontados em seus holerites.

Dentro do Tribunal, os servidores também atenderam ao chamado do Sindijufe-MT e compareceram ao trabalho trajando roupa preta, em sinal de luto  contra o corte de ponto, contra o ataque ao direito de greve e contra o reajuste zero.

Entre os servidores que tiveram o ponto cortado estão três diretores do Sindijufe-MT: Gisely Regina Pires, José Roberto Magalhães de Campos e Jamil Benedito da Costa Batista.

Em seu relato, Gisely revela que perdeu R$ 7 mil, descontado em dois meses. Ela explica que é arrimo de família e que sustenta uma família inteira, mas não poderia deixar de aderir à Greve, mesmo sabendo que seria punida, uma vez que o corte de ponto foi anunciado antes mesmo que a Greve acontecesse.

"Por ser diretora do Sindicato, não poderia me negar a participar da Greve, mas aderi por mim mesma, porque acho que se eu não lutar por meus direitos ninguém poderá fazer isso por mim. Não poderia ficar trabalhando enquanto meus companheiros lutavam pelos meus direitos", disse ela.

Na avaliação do diretor do Sindijufe-MT Djamil Gonçalves da Silva, é fundamental os Servidores pensarem como grupo ou Categoria. "Se cortou o ponto de um, a gente tem que lutar para que isso seja revertido, e é muito importante a gente manifestar a nossa insatisfação perante à Administração do Tribunal, porque, se você fica quieto e não reclama, quer dizer que está tudo bem. A gente precisa exteriorizar os nossos sentimentos, principalmente quando estamos insatisfeitos quanto a uma determinada situação"

Segundo Jamil, o fato de ser diretor do Sindicato não muda nada, porque os diretores também são servidores do judiciário federal. "Tivemos o ponto cortado mas de certa forma frustramos a intenção da administração, que era impedir a nossa mobilização e a nossa luta. Mas seria muito estranho se a gente, como diretor, não aderisse à manifestação. Um diretor sindical que não adere à Greve da Categoria é um contra-senso", declarou ele.

Conforme Jamil, a criminalização das greves é uma tendência que só pode ser revertida com a união da Categoria. "Não se pode analisar a situação específica da gente, mas a situação geral de todos os trabalhadores. Só assim vamos conseguir reverter esses ataques aos nossos direito, se conseguirmos nos unir nacionalmente".

Ele lembrou ainda que a repressão à Greve em Mato Grosso está na vanguarda do movimento de criminalização das greves, porque o corte de ponto aqui no Estado foi antecipado à Greve, e Mato Grosso é o único Estado que não conseguiu reverter o corte de ponto.

Para o diretor do Sindijufe-MT José Roberto Magalhães de Campos, o ato de hoje foi importante para chamar a atenção da Categoria, uma vez mais, sobre o que está acontecendo no Tribunal, com relação aos ataques ao direito de greve dos servidores e ao corte de ponto. "São atos ditatoriais que visam, justamente, enfraquecer a Categoria, pressionando os servidores a não se mobilizarem mais e a deixarem de lutar por melhores condições de trabalho, por reajustes".

Segundo ele, a criminalização das greves é um sinal dos tempos e uma consequência da crise do sistema capitalista. "Os poderes instituídos endureceram o jogo de modo a evitar mobilizações, fazendo ataques aos direitos dos trabalhadores e ao direito de greve, que está dentro desse contexto.

Os trabalhadores, especialmente os servidores públicos, devem reagir e lutar pela permanência de seus direitos. Somente somando esforços a gente conseguirá reverter esse processo. Cabe a nós que estamos à frente do Sindicato e dos movimentos sociais de um modo geral manter a esperança de que esse processo pode ser revertido conscientizando os demais colegas quanto à necessidade de atuarmos coletivamente, pois só assim vamos conseguir modificar este cenário de precarização das condições de trabalho, de ausências de reposição salarial, e para impedir também o processo de aprofundamento do assédio moral, entre outras coisas", concluiu José Roberto.

Os servidores José Mendes, da 1ª Vara do Trabalho de Várzea Grande, e Jamila Fagundes, de Cuiabá, também foram punidos com o corte de ponto.

Segundo Mendes, o corte de ponto que aconteceu no TRT foi um ato truculento que teve o claro objetivo de amedrontar os trabalhadores e evitar futuros movimentos grevistas, até porque ele foi anunciado antes mesmo que a Greve acontecesse. "Portanto, não podemos concordar com isso e devemos denunciar o fato e dar visibilidade ao que está acontecendo dentro da Justiça do Trabalho em Mato Grosso. Se ficarmos na inércia os ataques contra nós e os nossos direitos vão se repetir", alerta o trabalhador.

Por sua vez, Jamila Fagundes considera que será necessário muita união e mais atitude para reverter a situação negativa em que os servidores se encontram. "Infelizmente a nossa Categoria tem demonstrado fraqueza, e precisamos ter força para lutarmos por nossos direitos.

Após o reajuste zero e o corte de ponto, Jamila considerou que 2014 só não foi pior para os servidores do TRT porque o Coleprecor acabou de oficiar a todos os presidentes de tribunais regionais do Trabalho para que seja implementado o ganho dos 13,23% o mais rápido possível. "Isso poderá ser um alento e vai acalmar os ânimos dos servidores", disse ela. O pagamento desses passivos foi uma das lutas do Sindijufe-MT.

O diretor do Sindijufe-MT Pedro Aparecido de Souza complementou as falas dos demais participantes do ato dizendo que o Sindicato realizará outros atos, até que a injustiça do corte de ponto seja reparada, e que o dinheiro que o presidente do Tribunal fez questão de retirar do holerite desses servidores seja devolvido.

"Este mesmo presidente, Edson Bueno, se auto-concedeu licença-prêmio para ele e os juízes. O processo está agora no CNJ. Por isso, este nosso ato de protesto representa uma importante resistência da Categoria, que não aceita ser tratada como escravo dentro da Justiça do Trabalho, e que também não aceita o reajuste zero. Nós não aceitamos que os servidores que carregam o piano nesta casa tenham reajuste zero, com 40% de perdas nos últimos seis anos em função do congelamento salarial, enquanto os juízes tenham 22% de reajuste mais 7 mil de gratificação para dupla função e mais R$ 4.800,00 de auxílio moradia", observou Pedro Aparecido.

Segundo Pedro, a Categoria não aceitará isso. "Continuaremos a fazer resistência dentro do TRT, até que essa vergonha na Justiça do Trabalho seja resolvida. Isso é uma mancha para a Justiça do Trabalho, é uma mancha na imagem da justiça trabalhista que nós ajudamos a construir durante mais de 20 anos no tribunal em Mato Grosso".



Redação do Sindijufe-MT
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