18/2/2019


REAÇÃO

Servidores firmam unidade para defender Previdência e direito à aposentadoria

Reunião com dezenas de entidades de todo o país aprova, por aclamação, buscar construir uma grande campanha em defesa de direitos ameaçados por Bolsonaro

Servidores públicos federais de todas as regiões do país firmaram, em Brasília, um compromisso de unidade: juntos e buscando alianças com outros setores da sociedade que se opõem à retirada de direitos, pretendem pôr nas ruas, nas praças, nos aeroportos, no Congresso Nacional e em cada local de trabalho do país uma campanha que tentará impedir a reforma do presidente Jair Bolsonaro, que ameaça as conquistas previdenciárias e, avaliam, a própria existência da Previdência Social.

Pelo menos 350 servidores, representando 13 entidades sindicais nacionais e dezenas de sindicatos estaduais, participaram da reunião que ocorreu no domingo (17), em Brasília, no Hotel San Marco. Três centrais sindicais estiveram presentes - CUT, CSP-Conlutas e CTB - e defenderam a luta conjunta para preservar o direito à aposentadoria da classe trabalhadora.

Unidade

Convocada pelo Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe), a reunião aconteceu a três dias da data que o governo disse que enviará a proposta de mudanças no sistema previdenciário ao Congresso nacional.  

A luta pela manutenção dos direitos previdenciários foi definida, por consenso, como o principal desafio do momento. Para viabilizá-la, defenderam que eventuais diferenças de posições entre setores do movimento sindical sejam deixadas de lado.

A palavra 'unidade' permeou a maioria dos discursos e não apenas no que se refere à campanha focada no combate à PEC da Previdência. Em muitos momentos, foi alçada à condição de necessidade inadiável e indispensável para a sobrevivência da categoria e a manutenção dos direitos trabalhistas, sociais e das liberdades democráticas.

Aprovado por aclamação ao final do encontro, um documento formatado por acordo entre as entidades relaciona os eixos centrais da campanha conjunta do funcionalismo e um calendário inicial de atividades.

O texto estabelece ainda como eixos centrais da mobilização a ser construída, associados à questão previdenciária, a defesa da revogação da reforma trabalhista, da lei das terceirizações e da Emenda Constitucional 95, que estrangula o orçamento destinado aos serviços públicos e às políticas sociais. Também defende a realização de concursos públicos para servidores estatutários e o fim das privatizações.

Além disso, elenca uma série de outras demandas da categoria, entre elas o restabelecimento do poder de compra dos salários, corroído pela inflação não resposta e projetada até janeiro de 2020. As entidades trabalham com os cálculos elaborados pelo Dieese (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), que giram em torno de 33%.

 

Judiciário e MPU

Servidores do Judiciário Federal e do Ministério Público Federal participaram da reunião ampliada do Fonasefe. Os coordenadores da federação nacional da categoria (Fenajufe) Adilson Rodrigues e Saulo Arcangeli, ao falaram em nome da entidade, reiteraram a necessidade de unidade do conjunto do funcionalismo entre si e com outros setores da classe trabalhadora para defender tantos direitos ameaçados.

“Tudo indica que vai ser uma reforma bem pior do que a do presidente Temer. Conseguimos derrotar a reforma de Temer, mas vamos ter que estar mais organizados e na base para derrotar a [do Bolsonaro]. A Fenajufe vai estar junto nestas lutas gerais, vai estar junto contra a reforma da Previdência, que vai ser nossa prioridade”, disse Saulo. 

Adilson parabenizou a plenária cheia em pleno domingo e ressaltou que aquela era a quinta proposta de desmonte da Previdência desde a Constituição de 1988 e que a mobilização conseguiu minimizar os danos de algumas e impedir a última. “Não vamos nos omitir neste momento fundamental, nosso objetivo é cavar uma trincheira única, nas cidades, nos campos, em todos os lugares: a classe está sendo atacada como um todo”, afirmou. Neste sentido, informou que naquele mesmo fim de semana ocorria em São Paulo uma plenária estadual que reunia servidores para lutar contra a reforma da Previdência e em defesa dos direitos sociais e trabalhistas.

O servidor Rafael Scherer do Judiciário Federal do Rio Grande do Sul e da diretoria do sindicato no estado, disse que muita gente foi enganada por Bolsonaro e que é preciso dialogar com estes trabalhadores. “Não adianta dizer eu avisei, tem que trazer essas pessoas para [essa luta]”, defendeu, ao falar na plenária no momento em que o debate foi aberto ao plenário. Disse que o país vive um momento em que se tem que afirmar o óbvio. “Somos nós trabalhadores que carregamos o país, temos direito [às proteções] trabalhistas, temos direito à aposentadoria”, disse, pouco antes de destacar a necessidade de construção de uma greve geral para defender a Previdência. “A greve de abril de 2017 foi fundamental para barrar a reforma [de Temer]”, disse.

 

Calendário

O calendário de mobilização e atividades aprovado prevê a construção e participação no lançamento do Fórum Sindical, Popular e das Juventudes de Luta por Direitos e Liberdades Democráticas no dia 19 de fevereiro, às 19h, na sede do sindicato dos profissionais da educação em São Paulo (Apeoesp). Também inclui a ida à Assembleia Nacional da Classe Trabalhadora, convocada por oito centrais sindicais para o dia 20, também na capital paulista. Na mesma data, o governo enviará a proposta de emenda constitucional ao Legislativo, caso cumpra o que anunciou.

No calendário preliminar da campanha, constam ainda a participação nas mobilizações do 8M, no Dia Internacional das Mulheres, em 8 de março, e nos atos de 14 de março, contra a criminalização dos movimentos e dos lutadores sociais e em memória de um ano de assassinato de Marielle e Anderson.

No dia 20 de março, haverá o lançamento da campanha salarial unificada do funcionalismo. Na mesma data, a da frente parlamentar mista em defesa da Previdência Social será lançada no Congresso Nacional.

Também integra o calendário o Dia Nacional de Luta em Defesa da Educação Pública, previsto para 28 de março, data que marca os 51 anos do assassinato do estudante Edson Luís pela ditadura militar. O Dia Nacional Contra o Racismo, em 13 de maio, e uma mobilização em torno do possível julgamento da data-base dos servidores, prevista para 12 de junho, completam a agenda. O calendário deverá absorver as datas de atos e protestos que venham a ser costuradas pelas centrais sindicais para uma luta que, como advertiram alguns servidores, é urgente, decisiva e está só recomeçando.

 

LutaFenajufe Notícias

Por Hélcio Duarte Filho, enviado a Brasília

Domingo, 17 de fevereiro de 2019



Hélcio Duarte Filho