8/9/2017


PROTESTOS

Grito dos Excluídos associa "malas" da corrupção a reformas que eliminam direitos

Bandeiras "Fora Temer" e "Nenhum Direito a Menos" foram às ruas em dezenas de cidades; servidores, que devem parar 24h dia 14, participaram

Os tradicionais atos do Grito dos Excluídos, realizados em provavelmente em mais de uma centena de cidades do país, no feriado de 7 de Setembro, Dia da Independência, associaram as denúncias e exposições de casos de corrupção a projetos e reformas constitucionais que eliminam direitos dos trabalhadores e desmontam ou privatizam os serviços públicos.

As manifestações que, há 23 anos, ocorrem paralelamente aos desfiles oficiais de 7 de setembro, levaram para as ruas referências às malas de dinheiro do ex-ministro Geddel Vieira Lima, encontradas em um apartamento, em Salvador (BA), e que totalizaram R$ 51 milhões de reais.

Servidores públicos federais participaram das manifestações, assim como representantes do funcionalismo municipal e estadual. Os servidores federais preparam uma paralisação nacional de 24 horas para o dia 14 de setembro – data para a qual outros setores, como trabalhadores metalúrgicos, também planejam protestos. Servidores e sindicatos do Judiciário Federal e do MPU participaram dos protestos.

"Grito" por todo o país

Os protestos ocorreram por todo o país, em cidades do interior e nas capitais. Foram, em geral, pequenos atos, mas que carregavam bandeiras comuns, como críticas às reformas da Previdência e trabalhista, à decisão do governo federal de privatizar dezenas de estatais, entre elas o sistema Eletrobrás, apontado como estratégico em termos de energia para o desenvolvimento econômico e social do país.

Manifestantes também denunciaram o que chamaram de privatização "fatiada" e disfarçada da Petrobras. “A maior injustiça é o Brasil ser tão rico e ser tão espoliado”, disse a petroleira Patrícia Laier, do sindicato da categoria, durante o Grito dos Excluídos no Centro do Rio de Janeiro. “Esse governo é a escuridão, é a treva, é dinheiro roubado do povo brasileiro”, criticou, ao denunciar que o "desenvestimento" na Petrobras é o mesmo que venda, privatização, e que estão “apagando” a estatal do mapa.

O advogado AdersonBussinger, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, disse que o país vem passando por um processo contínuo de perdas de direitos em todas as áreas: “No direito trabalhista, no direito dos servidores, no direito previdenciário, dos índios”.

Malas de dinheiro

Em Salvador, na Bahia, não foram poucas as referências às impressionantes malas cheias de dinheiro em espécie encontradas num apartamento na capital baiana, que, de acordo com as investigações, estava em poder de Geddel, empresário e político do PMDB-BA.

Os R$ 51 milhões em dinheiro vivo foram encontrados pela Polícia Federal em uma ação de busca e apreensão da Operação Tesouro Perdido, relacionada a investigações de fraudes na liberação de créditos da Caixa Econômica Federal. Geddel foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da CEF entre 2011 e 2013, durante a gestão de Dilma Rousseff (PT).

Embora não tenha se tornado público nem a procedência nem o destino de tais recursos, a quantia em espécie levanta mais suspeitas sobre a possível compra de apoio político por parte de grandes empresários às reformas em tramitação no Congresso Nacional.

São projetos que eliminam direitos trabalhistas e previdenciários, além de apontar para o esvaziamento e a privatização dos serviços públicos. Os grandes conglomerados empresariais são interessados diretos na aprovação de tais projetos, cujos efeitos tendem a aumentar as margens de lucros deles.

Fomentam as suspeitas, o fato de Geddel, antes de ser preso e afastado do governo, ter integrado o chamado núcleo duro da gestão do presidente Michel Temer. Geddel ocupava a Secretaria de Governo e atuava diretamente na busca de apoio parlamentar a projetos enviados por Temer ao Congresso Nacional.

"Fora Temer"

Em São Paulo, o protesto organizado pela Pastoral Carcerária, Pastoral do Povo de Rua, cooperativa de catadores, movimentos sociais e sindicatos denunciou ainda a violência policial contra a população de rua. O presidente Temer, o prefeito João Dória (PSDB) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) foram muito criticados.

Tendo como tema “Por Direitos e Democracia, a Luta é Todos os Dias”, em todas as manifestações as bandeiras “Fora Temer” e “Nenhum Direito a Menos” estiveram presentes.

LutaFenajufe Notícias

Por Hélcio Duarte Filho

Sexta-feira, 8 de setembro de 2017



Hélcio Duarte Filho