22/7/2016


CASO RAFAEL BRAGA

Movimento pela Liberdade de Rafael Braga é recebido pelo Ministério Público do Estado

Teor da conversa não foi divulgado; mas vigília prevista para aquela noite foi suspensa

O ato-vigília pela liberdade de Rafael Braga Vieira realizado ontem (20) em frente ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, no Centro do Rio, atingiu pelo menos um de seus objetivos: chamou a atenção das autoridades daquela instituição, que receberam representantes do movimento para uma audiência. Ainda não foi divulgado o teor da conversa. Na página do movimento no Facebook, os organizadores escreveram: “A galera da Pela Liberdade de Rafael Braga Vieira conseguiu ser recebida pelo Ministério Público hoje à tarde, por isso acharam melhor adiar a vigília que aconteceria esta noite”.

Rafael é ex-catador de latinhas e único condenado nos protestos que marcaram o país em 2013. Na ocasião, o rapaz portava uma garrafa de Pinho Sol, o que foi suficiente para sua condenação. Em janeiro deste ano, Rafael foi preso novamente quando cumpria pena em regime aberto e usava uma tornozeleira eletrônica, o que teria feito dele uma vítima fácil de policiais que adotam a prática de ameaçar moradores de comunidades carentes para chegarem a traficantes.

Contradições

O depoimento dos policiais que o prenderam e de mais três que compunham a guarnição da PM naquele dia é recheado de contradições. Uma delas diz respeito ao motivo pelo qual os policiais se encontravam naquele exato local e hora em que detiveram o ex-catador. As versões são díspares. Outra é para onde teriam levado Rafael após sua prisão. Uns dizem que foram direto para a delegacia; outros falam que para a Unidade de Policia Pacificadora (UPP) local.

Ao todo, a defesa listou cinco pontos de conflito entre os relatos para que sejam feitas diligências, que esclareçam a verdade dos fatos. Apesar das evidentes contradições, o juiz indeferiu quatro. Pediu os autos do processo para verificar a procedência de uma quinta diligência, na qual a defesa pede que sejam avaliadas as câmeras da viatura, onde Rafael alega ter sofrido intimidações, agressões e onde os policiais teriam oferecido cocaína para ele.

Ativismo e Luto

A campanha pela liberdade de Rafael Braga não pôde comemorar a pequena vitória obtida na última quarta-feira. No fim do ato, a professora Elaine Freitas, militante do movimento negro e da causa do ex-catador, passou mal e morreu a caminho do hospital. Ainda não foi divulgada a causa da morte.

O ato-vigília pela Liberdade de Rafael Braga fez parte do calendário do Evento Julho Negro, que acontece até sábado (23) e reúne movimentos como americano Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência, Movimento Mães de Maio, Fórum de Juventudes do Rio de Janeiro, Fórum Social de Manguinhos e Coletivo Papo Reto.

Por Eliane Salles, especial para o LutaFenajufe