Após notícia de suspensão temporária do plano de reorganização das escolas estaduais em São Paulo, dada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) no início da tarde da sexta-feira 4, estudantes afirmam que ainda não pretendem deixar as escolas ocupadas. Depois do anúncio do governador, Herman Voorwald, secretário de Educação de SP, pediu para deixar o cargo.
Temendo manobra do governador, Marina Cintra (20), que está acampada na sua antiga escola, a Escola Estadual Martin Egídio Damy, localizada na Brasilândia, zona norte da capital, afirmou que os estudantes ainda estão avaliando a posição do governador e esperando a posição oficial do comando de mobilização estudantil, que se reunia também na tarde desta sexta, para definir os próximos passos da mobilização. Comemorando a vitória ainda que parcial, ela reafirmou que os estudantes continuarão na luta até o cancelamento do projeto.
"Aqui no Damy por enquanto não vamos desocupar. Vamos esperar pra ir avaliando, depois da assinatura do decreto pelo Alckmin e quando tivermos a decisão do comando. Acho que foi uma grande vitória o Alckmin ter suspendido a reorganização, ele se dobrou, ele que sempre leva a polícia pra tudo, mas tem que ver o que vai acontecer, porque não dá pra confiar no Alckmin. A gente vai avaliar depois que o Alckmin vier e assinar o decreto, porque o que a gente quer na verdade é o cancelamento da reorganização", disse.
Felipe Barbosa (17), aluno da Escola Estadual Emílio Souza Penna, avalia que a sociedade civil precisa ser ao menos consultada quanto ao plano, já que implica no fechamento de mais de 90 escolas e transferência de mais de 311 mil alunos já no ano que vem. "Ele não falou que ia cancelar, falou que ia suspender, que ia adiar. Ano que vem ele deve voltar com esse projeto, mas dizendo que quer fazer reuniões com os pais e os alunos pra saber se a reorganização interessa. Esse ano só falaram que ia ter. Eles não perguntaram, não consultaram ninguém. A gente não quer a reorganização. É possível que uma escola ou outra queira mudar os ciclos, ter só ensino fundamental ou só médio, pra melhorar o ensino, não fechar como seria com essas [93] escolas", falou.
O plano de reorganização pretende fechar 93 escolas em 2016, remanejando mais de 311 mil alunos no estado. Prometendo diálogo com pais e alunos sobre a reorganização para 2016, o governador convocou reunião para a próxima quarta-feira (9), no Memorial da América Latina, zona oeste da capital, às 14h.
Comando de mobilização dos estudantes se reuniu após o anúncio de Alckmin para discutir a suspensão do plano, a saída do secretário de educação e sobre os próximos passos da ocupação, mas ainda não deliberou posição oficial. Ocupações, que tiveram início no dia 9 de novembro, já ocupam mais de 205 escolas, segundo o Sindicato dos Professores de Ensino Oficial do Estado de SP (Apeoesp).
LutaFenajufe Notícias
Por Niara Aureliano, especial para o LF
Sábado, 5 de dezembro de 2015