11/11/2015


PETROBRAS

Greve dos petroleiros já é apontada como a maior em duas décadas

Petroleiros afirmam que governo vem reprimindo o movimento; categoria defende revisão do desinvestimento

A adesão à greve dos petroleiros surpreendeu muitos dirigentes sindicais, que já consideram o movimento o mais forte desde a histórica greve de 1995, quando enfrentaram o governo tucano de Fernando Henrique Cardoso.

Iniciada no último dia 29, a paralisação está tendo boa participação na área operacional, nas refinarias e na área administrativa, setor que, segundo Vinícius Camargo, diretor do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro), tradicionalmente adere menos às greves da categoria.

Segundo o dirigente sindical, a adesão no setor administrativo no litoral paulista e no Nordeste chega a 70%. Para Vinicius, a participação teria obrigado a Federação Única Petroleira (FUP), associada à CUT, se mover e fortalecê-la. “Ao longo dos anos, a FUP tem cumprido um papel junto ao governismo”, critica o dirigente do sindicato, que integra outra federação, a FNP, que reúnem setores sindicais críticos às políticas do governo federal.

Para ele, o que está ocorrendo é que os trabalhadores estão vendo um quadro de indiscutíveis ações da Petrobras contra os petroleiros e a própria estrutura pública da estatal. “O plano de desinvestimento e privatização e a proposta de retirada de direitos, uma perda direta de 3,8% nos salários, deixou mais claro para os trabalhadores qual era o caráter do governo e da direção da Petrobrás”, analisou.

“Nós aumentamos o lucro da Petrobrás nesse primeiro semestre em 39%, a geração de caixa em 35% e o crescimento de impostos ao governo federal em 14%, mesmo com todo ataque contra a Petrobrás”, disse o diretor. Segundo ele, a Petrobrás gasta apenas 4% do faturamento com a folha de pagamento dos empregados, equivalente à metade de suas concorrentes. A categoria reivindica reposição salarial com ganho real e negociação sobre o plano de desinvestimento na Petrobrás. Os sindicatos afirmam que o governo vem promovendo práticas antissindicais ao reprimir a greve e se recusa a negociar efetivamente a pauta apresentada.