O movimento de repressão à greve levou à detenção do aposentado Jair Aparecido Campos, no terminal da Petrobras em São Caetano do Sul (SP), durante protesto ocorrido na quinta-feira (5). Os petroleiros realizavam, pela manhã, manifestação na entrada da empresa, que retardava a passagem de trabalhadores terceirizados. Sindicatos denunciaram que a ação da polícia foi violenta, com uso de gás de pimenta e empurrões contra trabalhadores, que tiveram seus jalecos arrancados e jogados ao chão. Jair, que é dirigente do Sindipetro Unificado de São Paulo, ficou detido até as 12 horas na delegacia e foi autuado por suposto dano ao patrimônio. Foi o segundo petroleiro detido em menos de uma semana de greve.
De acordo com o sindicato da categoria em Alagoas e Sergipe (Sindipetro-AL/SE), a greve já é a mais forte desde a de 1995, que enfrentou o governo tucano de Fernando Henrique Cardoso e foi duramente reprimida. Nota divulgada pela entidade avalia que a paralisação chega a momento decisivo e que o movimento surpreendeu a gerência da Petrobrás e o governo, que teriam subestimado a capacidade de mobilização do setor. “Agora eles se desesperam e apelam para a justiça e a polícia, mas os petroleiros não se intimidam. A greve não só pode garantir nossos direitos e os nossos empregos, como pode salvar o futuro da Petrobrás, dos trabalhadores e de todo o povo brasileiro. Todas as ações da nossa greve são no sentido de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, próprios e terceirizados, garantir os contratos e a retomada dos investimentos”, diz trecho do documento.
Para o petroleiro Lucas Ferreira, dirigente do Sindipetro do Rio de Janeiro, a empresa está sendo irresponsável ao colocar setores da estatal que não podem parar nas mãos de equipes de contingência sem condições de operar, em detrimento da organização dos grevistas, que os mantêm parcialmente funcionando. Disse ainda, em depoimento gravado para vídeo produzido pelo sindicato, que “o que está em jogo nessa greve é o futuro de nosso país, se a Petrobras vai servir ao povo brasileiro ou aos banqueiros”.