11/11/2015


FORA CUNHA

Mulheres se mobilizam no Rio contra Cunha e secretário acusado de agredir mulher

Novo ato contra Eduardo Cunha e Pedro Paulo acontece nesta quinta (12)

Alvo das manifestações que estão tomando o país nas últimas semanas, o deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ) dividirá as atenções da próxima manifestação no Rio contra o PL 5069/2013 e pela sua derrubada da presidência da Câmara com um membro de seu partido: Pedro Paulo, possível candidato à prefeito da capital fluminense em 2016. Marcada para esta quinta (12), a manifestação acontecerá às 17h, com concentração na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Citado no protesto anterior, que ocorreu no último dia 28 e levou mais de cinco mil mulheres à Avenida Rio Branco, sob gritos de “o Rio não vota em agressor”, Pedro Paulo é acusado de ter agredido a ex-esposa, Alexandra Marcondes Teixeira, em fevereiro de 2010. Cinco anos após o crime sem punição, o caso vazou e está abalando a campanha que Eduardo Paes já está fazendo para seu possível sucessor. Carta supostamente assinada por Alexandra em que afirmava que não houve agressão foi apresentada por Pedro Paulo; alguns dias depois, Pedro Paulo reconheceu as agressões, que classificou como mútuas e superadas. Tornou-se o mais novo inimigo das mulheres cariocas.

Em reunião de organização do segundo ato contra o PL 5069/2013 nesta segunda-feira (9), as cerca de 50 mulheres presentes definiram os últimos detalhes e concordaram que devem colocar Pedro Paulo na mira, exigindo punição pelo crime. “Mulheres apanham todos os dias, pobres e ricas; a agressão não é só uma agressão do homem para a mulher, ela é a tentativa de calar, derrotar a mulher de forma física e emocional. Então você bate e ainda tenta fazer a mulher de culpada, é uma coisa do nosso cotidiano; aquela mulher deve ter acreditado agora que a culpa do ex-marido estar sofrendo politicamente é dela por ter denunciado”, comentou Tatianny Araújo, servidora da saúde federal. “Muitas vezes nós conseguimos dar um passo a frente, denunciar, mas depois somos levadas a recuar... Acho que aconteceu isso com ela. Por isso falamos no ato que ‘o Rio não vota em agressor’ e ‘o Rio não quer quem bate em mulher’. Ele é machista, bate em mulher, é um corrupto e conservador? Então Fora Pedro Paulo!”, disse.

A avaliação das mulheres é que ato marcado para esta quinta seja cheio como o ato do dia 28 de outubro. A pauta unifica três eixos centrais: a derrubada de Cunha da presidência da Câmara; a derrubada do PL 5069, que dificulta o acesso das mulheres vítimas de estupro a profilaxia da gravidez e ao coquetel anti-HIV, obrigando-as a fazer exame de corpo de delito e comprovar a violência sexual para ter acesso ao auxílio médico, além de mudar a atual definição de estupro; e a legalização do aborto.

Acusado de corrupção e de manter quase R$ 5 milhões em contas na Suíça de forma ilegal, Cunha também é criticado pelos movimentos sociais por se utilizar da posição na Câmara para aprovar projetos conservadores contra as minorias. Tido como a “cara do Congresso conservador”, o deputado é responsável por manobra que aprovou, na Câmara, a redução da maioridade penal em julho deste ano e é autor do PL 5069, que foi aprovado no último dia 21 na Comissão de Cidadania e Justiça (CCJ) e que deverá seguir para votação na Câmara e depois no Senado. “Ele aproveita esse momento de crise e o aprofundamento da retirada de direitos para entrar com uma discussão no estado que nos cala completamente: a criminalização dos movimentos e a retirada de direitos civis e políticos das mulheres, negros e homossexuais. Aqui não tivemos Estado de Bem-Estar Social, não tivemos direitos reconhecidos, políticas sociais que garantissem determinado padrão de vida. As mulheres e os gays nesse país não têm todos os direitos garantidos”, comentou Tatianny.

Após a manifestação no Rio, que, segundo a servidora, é vanguarda devido a CPI do aborto, relatório organizado pela Alerj que investiga e criminaliza mulheres que abortaram no estado, atos começaram a explodir no país inteiro devido à comoção que gerou a aprovação do PL 5069 e o retrocesso que significa para as mulheres. Para a servidora, o momento significa volta das mulheres brasileiras às ruas.

“O Cunha representa o freio e o retrocesso. Então derrubá-lo vai resolver o problema do Congresso? Não vai. Resolve o problema econômico do país? Não resolve, mas dá um recado: nós estamos de olho em qualquer conservador que queira mexer no que é nosso, nos nossos direitos. Vai cair. Porque a gente precisa, pra poder avançar, avançar pra cima do Congresso. Nenhum passo atrás. Caminhar rumo ao feminismo, à garantia de direitos para as mulheres, negros, homossexuais nesse país. Para isso precisamos derrubar o símbolo do conservadorismo no país. Nós temos que derrubar o Cunha”, concluiu.



Por Niara Aureliano, especial para o LF Notícias