Ao retornar ao Congresso Nacional, na tarde desta terça-feira (22), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi ‘recepcionado’ por um coro de servidores favoráveisà derrubada do veto presidencial ao reajuste salarial do Judiciário Federal. Renan se esquivou e não chegou a passar pelo corredor formado pelos manifestantes, mas não teve como ignorar o protesto.
Trabalhadores do Judiciário e do MPU seguem no Congresso, em Brasília, pressionando parlamentares a cumprir o compromisso de derrubar o veto de Dilma Rousseff ao PLC 28. Até as 17h45min, não havia certeza se a sessão do Congresso convocada para a noite desta terça seria ou não realizada. Numa aparente reviravolta, o governo teria orientado as lideranças partidárias da base aliada a trabalhar pela manutenção da sessão.
A informação foi confirmada, segundo o jornal “Valor Econômico”, pelos líderes do PR, Maurício Quintella (AL), do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), e do governo, José Guimarães (PT-CE). O diário publicou em sua página na internet que a mudança de posição da presidente Dilma Rousseff, que teria falado por telefone com parlamentares, deveu-se a dois motivos: a avaliação de que o ‘trabalho’ do governo dos últimos dias já asseguraria a manutenção dos vetos presidenciais e a alta do dólar, que chegou a R$ 4,00, atribuída a uma suposta intranquilidade do ‘mercado’ com a situação do Congresso.
Poucas horas antes, no entanto, o presidente do Senado havia declarado a jornalistas que realizar a sessão serio o que de “pior poderia acontecer para o país” por desestabilizar o ajuste fiscal. Ao falar com jornalistas, Renan deu a entender que a tendência, caso a sessão fosse instalada, seria de derrubada do veto.
A servidores que participam da pressão no Senado, o senador Paulo Paim (PT-RS) reafirmou o apoio ao reajuste e aos projetos que beneficiam aposentados do INSS, também vetados, disse que o governo de fato havia ‘trabalhado’ muito para manter os vetos e que era impossível antecipar o resultado de uma eventual votação que, avaliou, seria muito apertada para um lado ou outro.
Ao “Valor”, o deputado Maurício Quintella teria dito considerar arriscado para o governo apostar na votação. Comparara isso a uma jogada no pôquer na qual o jogador arrisca tudo e se perder deixa a mesa. A própria reportagem do “Valor”, assinada pelos jornalistas Raphael Di Cunto e Thiago Resende, no entanto, ressalva que o governo ainda faria uma avaliação após a reunião de líderes para definir se de fato aposta na sessão ou articula para que não haja quórum.