21/7/2015


JUDICIÁRIO E MPU

Categoria faz mobilização histórica e recebe com revolta notícia do veto

Milhares de servidores em Brasília e nos estados fazem vigílias e acompanham as mobilizações e a pressão para que Dilma sancionasse o PLC 28; luta deve continuar

 A notícia de que a presidente Dilma Rousseff, do PT, vetou o projeto salarial do Judiciário Federal revoltou milhares servidores de norte a sul do país, na noite de um dos dias mais marcantes na história das mobilizações da categoria. Em Brasília, foram oito horas seguidas de manifestação com vigília, bloqueio de via e muito barulho em frente ao Palácio do Planalto. Atos também aconteceram em quase todos os estados, nesta terça-feira (21). Pelas redes sociais, outros milhares de servidores acompanharam os protestos e as notícias ao longo de todo o dia.

Até o fechamento deste texto, nem o Supremo Tribunal Federal e tampouco a Casa Civil haviam confirmado qualquer informação sobre o posicionamento da presidente Dilma sobre o PLC 28. A categoria soube da notícia pelas redes sociais com base no que foi divulgado pela mídia comercial ou pela TV, sites e rádios, que noticiaram com destaque o veto. O jornal “Valor Econômico” confirmou a notícia, mas ressaltou que o Supremo não informou se o veto era total ou parcial.

Indignação

O veto foi recebido com indignação pela categoria, mas não chegou a surpreender, já que o governo vinha sinalizando que faria isso. Os próximos passos da mobilização dos servidores do Judiciário Federal e MPU, que fazem uma das mais fortes greves nacionais de sua história, vão ser definidos nas assembleias gerais a serem realizadas nos estados e na reunião do Comando Nacional de Greve. A paralisação pode continuar pela derrubada do veto, o que será decidido nos fóruns sindicais e coletivos da categoria. A avaliação de alguns dirigentes sindicais ouvidos pela reportagem é de que a revolta é grande.

Cerca de cinco mil servidores foram ao protesto na capital federal, que mudou a rotina do Palácio do Planalto e da própria Dilma. Eles se concentraram em frente à sede do governo, fazendo muito barulho com cornetas e outros apetrechos de mobilização para exigir a sanção do projeto salarial. Em torno de mil persistiram em vigília em frente ao Planalto noite adentro. O ato só terminou depois das 22 horas. Todas as faixas da via em frente ao Planalto foram bloqueadas desde pouco antes das 16 horas.

A maioria do que participaram da manifestação naturalmente é do Distrito Federal, mas a presença de representações de todas as regiões e quase todos os estados do país foi expressiva. A presidente Dilma teria deixado o Palácio do Planalto e ido despachar em casa, no Palácio Alvorada, para fugir do barulho. Não é possível calcular quantos servidores acompanharam e pressionaram o governo ao longo do dia e da noite em vigílias nos estados ou nas redes sociais. Mas não resta dúvida que foram muitos, talvez dezenas de milhares.

É possível que o veto tenha sido um dos mais difíceis dos quatro anos e meio do governo Dilma, decorrência do resultado da luta e da mobilização dos servidores, que deve continuar e contrasta com o silêncio e forte aparência de cumplicidade do Supremo.



Hélcio Duarte Filho
LutaFenajufe-Noticias