30/6/2015


JUDICIÁRIO E MPU

Brasília, 30 de junho: servidores querem promessa cumprida

Rejeição à proposta do governo e defesa do PLC 28 levaram milhares às ruas na 2ª (29); terça terá apagão em todo país para que senadores cumpram promessa de votar

 Os servidores do Judiciário Federal e do MPU, em greve, responderam nas assembleias e nas ruas o que pensam da contraproposta salarial do governo federal para substituir os projetos que reestruturam a tabela de remuneração da categoria (PLCs 28 e 41).  Milhares se reuniram em atos e assembleias em Brasília, em Porto Alegre (RS), no Rio e em Salvador (BA), entre outras cidades, na segunda-feira (29), véspera da sessão do Senado que tem o projeto salarial dos servidores do Judiciário Federal (PLC 28) em pauta.  Nesta terça-feira (30), dia de apagão em todos os locais de trabalho, haverá protestos nos estados e ato central em Brasília.

A proposta já foi rejeitada em assembleias no Rio Grande do Sul, no Rio de janeiro, Brasília, Bahia, Goiás, Maranhão, Paraná, Piauí, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Sergipe, entre outros estados, onde o que o governo ofereceu foi qualificado de desrespeito, inaceitável e deboche, entre outros adjetivos. Em Brasília, a assembleia realizada na sexta-feira (26) reuniu cerca de 1.500 servidores e a rejeitou por unanimidade. Em Porto Alegre (RS), a assembleia ocorreu na segunda (29), contou com mais de mil servidores e igualmente disse não ao que foi apresentado pelo governo. “Também aprovamos, por ampla maioria, resolução colocando que a proposta da categoria é o PLC 28, não aceitando qualquer emenda ou substituto, a não ser que por acordo que contemple nossas perdas e seja apreciado e aprovado nas instâncias”, disse Fagner Azeredo, da direção do sindicato gaúcho (Sintrajufe-RS).

Protestos no DF

Manifestação nacional, na segunda-feira (29), reuniu em torno de quatro mil servidores na Esplanada dos Ministérios, na capital federal. Eles saíram em passeata da Catedral, bloqueando as seis faixas da pista, e caminharam quase um quilômetro e meio até o Congresso Nacional. De lá, foram ao Supremo Tribunal Federal, depois seguiram até o Palácio do Planalto, sede do governo, e finalmente retornaram ao STF, onde se mantiveram até encerrar o ato. “Muitos servidores participaram para mostrar que querem a aprovação do PLC 28 amanhã [terça-feira 30]”, disse José Junior, da coordenação-geral do sindicato que representa a categoria no Distrito Federal (Sindjus-DF).

Embora os trabalhadores do Distrito Federal fossem naturalmente a grande maioria, o ato reuniu servidores de vários estados do país, que participam da jornada de manifestações para pressionar parlamentares, o STF e o governo pela aprovação do PLC 28 nesta quarta no plenário do Senado Federal. “Foi uma passeata representativa da categoria, com [gente] do Brasil inteiro, que deu uma demonstração muito forte em defesa do PLC 28”, relata Marcus Vergne, servidor do Fórum Trabalhistas da Barra Funda, em São Paulo, que participou ao lado os cerca de 80 colegas da delegação do Sintrajud-SP.

Também ocorreram atos com muita participação nesta segunda (28) no Rio de Janeiro, onde milhares de servidores protestaram na av. Rio Branco, no centro comercial e financeiro da cidade, e em Salvador, capital baiana. “O ato hoje [segunda] acendeu ainda mais os ânimos, isso deve ter acontecido no Brasil inteiro”, disse Denise Carneiro, da direção do sindicato baiano (Sindjufe-BA). Na Bahia, cerca de 500 servidores enfrentaram uma forte chuva e foram paras as ruas, numa das maiores e mais emocionantes manifestações da categoria na cidade. No Rio, após o ato, assembleia geral rejeitou por unanimidade a contraproposta do governo, informa Marcos Valério, servidor da Justiça Eleitoral no Rio.

Brasília, 30 de junho

O dia começa cedo e deverá ser longo e barulhento nesta terça-feira (30), em Brasília. É o que prevê a servidora Eugênia Lacerda, da direção do Sindjus-DF. Pela manhã, trabalhadores devem ir ao aeroporto recepcionar os cerca de 15 senadores que ainda devem chegar à capital federal. Outro grupo percorrerá desde cedo os gabinetes dos senadores. Por volta de meio dia, trabalhadores de todo o país se encontram no acampamento montado há cerca de uma semana pelo Sindjus-DF nos gramados do STF. De lá, devem se dirigir para o Congresso Nacional. A intenção é que haja pressão dentro e do lado de fora do Senado, onde o sindicato colocará um telão para transmitir o que acontece no plenário.

A sessão está marcada para começar às 14 horas, mas quase sempre atrasa. Há uma pauta cheia num dia de polêmica no Congresso Nacional, já que, na Câmara dos Deputados, estará em votação o projeto da maioridade penal. O PLC 28 permanece na pauta, mas há o risco de o STF solicitar que seja retirado para dar mais tempo às negociações. "O governo deixou de votar diz 10, mas [até agora] não tem proposta nenhuma para o PLC 28, é mais uma tática para postergar e enrolar a categoria”, disse o servidor Marcus Vegner, que aposta na pressão da greve e do apagão desta terça para fazer os senadores cumprirem a promessa de votar o projeto, com ou sem acordo.



Hélcio Duarte Filho
LutaFenajufe-Noticias